17 de dez. de 2011
eu prefiro me afastar quando os egos se inflam. prefiro estar entre os que dão risada das caras somente deles mesmos. nesse sentido, posso dizer que, em contraposição aos que se sentem muito superiores (ainda que não o saibam, ou o saibam mas não admitam), gosto de estar entre os pobre-coitados.
sim, sou uma pobre coitada. se minha auto-estima tiver que depender de dar risada da cara dos outros, vou combatê-la.
se é por comparação que esse processo se dá, prefiro que não se dê.
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24 de out. de 2011
ele queria que eu lhe removesse a dor, ou ao menos amenizasse. ele queria que eu lhe desse alguma esperança, ou que lhe tirasse as falsas esperanças que tivesse. eu, que sempre doí imensamente, eu que sempre confundi as esperanças.
ele estava cansado dos conselhos dos mais velhos, ele disse que eu estudei, ele queria que eu lhe operasse o coração ferido com teoria. eu, que na prática sempre fui adepta dos chiliques intensos.
eu lhe disse um monte de abobrinhas, na tentativa de ser o mais coerente possível em dizê-lo que a única certeza que tinha era a de que, sim, ele sofreria bastante.
deve ter ido procurar um profissional, porque nunca mais me procurou.
o certo seria ter-lhe dado um grande abraço, e dizer "você é o humano do seu tempo" e deixá-lo humano derramar lágrimas do seu tempo, mas estávamos ao telefone, e ele só parecia querer entender. eu jamais saberia explicar.
este intervalo emerge do meio do caos da alma que faz o corpo tremer em ansiedade. minha construção burguesa, meus valores burgueses, quão fortemente se arraigaram em mim, e nele, burguês de origem e consciência, que abismos somos nós.
meio-dia e doze, eu quero gritar ao mundo minhas dores, mas dentro em breve terei que engolir minha tortura para dizer boa tarde aos chefes e aos clientes.
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1 de ago. de 2011
elegia 1938 - carlos drummond de andrade
Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as nações não encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta dinheiro, fome e desejo sexual.
Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.
Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.
Caminhas entre mortos e com eles conversas
sobre coisas do tempo futuro e negócio do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.
Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.
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27 de abr. de 2011
"é hormonal"
sabe, sei lá, mas acho que hoje de qualquer forma eu carregaria esta apatia de olhos que procuram o que não há, não sei... de qualquer forma eu sorriria um sorriso que preferiria ficar em casa mirabolando o amanhã, de qualquer forma as palavras que não querem sair não viriam e de qualquer forma eu balbuciaria qualquer 'ah'... tudo para não ter que explicar que hoje não sei, sei lá...
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16 de abr. de 2011
hoje ela acordou mais pequeno-burguesa do que de costume.
querendo pegar um ônibus tocar a campainha abrir a geladeira tirar a roupa se jogar na jacuzzi olhar os pés no contraste da trepadeira. apertar botões e tudo funcionar, a cada botão se vingar de tudo que não lhe fizeram. enxergar-se lá. saber que nada é dela e só o saber é dela. ir embora suja de vingança, carregar a culpa, ter de se explicar, insana, burguesa, humana, sem paz.
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2 de abr. de 2011
bem, então já posso começar a falar do desconforto? (aqui onde tudo que eu disser pode ser usado contra mim?)
então será que devo perguntar quem eu sou, antes que a resposta se torne difícil demais? e posso perguntar abertamente, e responder abertamente, sem que haja uma sequer reação ao meu simples monólogo público sobre a minha pessoa? melhor mesmo é não fazer certas coisas em público e se por ventura não for possível, por conta dos meus olhos que dizem coisas sem eu querer, melhor mesmo será não mostrar os olhos. chame de medo: sim, eu tenho, e não me venha dizer que não tem. acho mesmo é que quem fala demais muitas vezes tem mais medo de tudo e mais medo de si, de saber quem é. às vezes isso rola e acho, de verdade, que é frequente. rola de tirar atenção do que tudo diz sem palavras.
aqui onde tudo se faz urgente, esquece-se com frequência de digerir o desconforto, e tudo que se faz antes, e depois. ou de onde ele vem, que nunca é do nada, mas nem sempre de onde a gente acha, e aí temos um grande problema: não saber a verdadeira origem das coisas. diz-se somente que "vai passar". e passa, indigesto, intocado, vai criar raízes pra denovo emergir e mais forte.
descansa, menina, descansa, coragem pra descansar, descansa quanto precisar, agora que se pode descansar. porque é preciso descanso pra poder digerir.
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11 de fev. de 2011
NÃO VOU GUARDAR MINHAS MOEDAS PARA O IMPROVÁVEL (MAS PENSEI NISSO). SE TE É TUDO TÃO ESCASSO OU ABUNDANTE, SE NÃO HÁ MEIO TERMO, SE NÃO HÁ EQUILÍBRIO, SE TE ASSUSTA O ESFORÇO, OU SE NÃO TE FAZ ESFORÇAR... QUE TIPO DE INTENSIDADE TE SERIA NECESSÁRIA? NÃO SEI E NÃO DEVIA ME INTERESSAR JÁ QUE NÃO É NENHUM TIPO DE INTENSIDADE QUE BUSCO, QUALQUER COISA ASSIM POR MAIS LEVE QUE FOSSE A MIM PESARIA MUITO. O QUE LAMENTO É QUE O QUE NÃO TE É MUITO É MUITO POUCO, E COM POUCO VOCÊ NADA FAZ. NÃO VOU GUARDAR MOEDAS PARA O QUE NÃO TE TEM NENHUM VALOR - PARA QUEM TUDO TEM QUE SER CARO. EU IRIA, CLARO QUE EU IRIA, PARA O DEMAIS, PARA O GRANDE, PARA O IMENSURÁVEL, E ELE ME ABSORVERIA ATÉ EU PERDER OU QUASE PERDER O CONTROLE DA MINHA VIDA. É POR ISSO QUE NÃO O QUERO, PORQUE NÃO SEI VIVER COM ELE, AINDA. É POR ISSO QUE NÃO LAMENTO, NÃO O DEMAIS (A AUSÊNCIA DELE). EU DIRIA AOS FILHOS, E AOS NETOS, QUÃO INCRÍVEL, QUÃO INESPERADAMENTE PROFUNDO, MAS ATÉ LÁ EU DEMORARIA UM TEMPO QUE NÃO TENHO.
EU RESPEITO TEUS EXTREMOS, SÃO UMA EXPRESSÃO DO TEU SER AGORA, A VIDA TODA VINDO DE SEI LÁ ONDES TROPEÇANDO EM SEI LÁ O QUÊS, E DE REPENTE EU, SURGINDO DE UM BUEIRO, QUERENDO NEM MAIS NEM MENOS UM MÍSERO MEIO TERMO.
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29 de jan. de 2011
manhã
eu gosto dos meus gostos e gosto do meu gosto. gosto para todos, silenciosamente às vezes mas cada vez menos (silenciosamente), e tento menos para todos mas mais para mim mesma porque eu sou a primeira e última pessoa que me conhece.
eu gosto de bom gosto e gosto de bom senso mas bom gosto e bom senso são coisas diferentes para as diferentes pessoas. eu estou em um lugar que nunca ninguém vai estar e nunca vou estar em outro lugar. só o que posso fazer é me aproximar, então, eu me aproximo. às vezes eu debruço e caio. e gosto da queda. caio e espero cair sempre no mesmo lugar, esse mesmo lugar onde ninguém nunca vai estar. eu sou um mundo e gosto de mundos. não quero ser john malkovich. nem lívia cotrim, e eu gosto dela. mas não só dela e nem só de marx e nem só de alguém.
às vezes eu não gosto de ninguém.
não há nada como certas coisas. essas plantas que grudam e enfeitam o concreto, não há nada como elas, e elas não tem garras. não me venha com essa de agarrar, isso é competitivo, e eu não preciso provar nada para ninguém, embora haja alguma beleza em agarrar também.
são feias minhas costas tortas, assim eu penso, e parece consenso. o resto todo está bom ou quase bom, aparentemente. onde meu mundo toma concretude é responsabilidade. tudo seria possível no meu mundo, mas eu tenho braços e pernas e enfim um corpo. por onde eu inicialmente me aproximo dos mundos. acho bom e ruim isso, mas também é de onde vem a poesia, então é bom. é uma história que talvez termine. o final precisa sempre ser caracterizado talvez porque (agora?) seja impossível não caracterizar tudo ou pelo menos quase tudo que se vê. ele só pode ser caracterizado depois que acontecer, obviamente, mas eu tenho um palpite: pode ser muito bom. pode ser que enfim o meu mundo vire o mundo com o mundo de todo mundo, num só mundo. como também pode ser que os mundos se afastem tanto que um dia nem se toquem mais os corpos. haveria poesia? se houvesse, acho que tudo bem.
pensar o mundo como um organismo é a coisa mais ultrapassada e menos séria que pode persistir. é uma piada. não se deveria reduzir assim as coisas. não se deveria, nunca, tratar o caos dessa maneira.
um pernilongo pode acabar com tudo.
pernilongo tem mundo? ou só faz parte? eu posso acabar com um pernilongo.
abelhas podem perturbar um almoço. e um moço pode vir ajudar, ou uma moça. "obrigada, moço".
"não se preocupe, eu estou bem".
eu estou bem, mas nunca completamente quando vocês aparecem. mudem-se para o paraná. ou não, você, mude-se para o paraná, você pode ficar, você deve ficar, você
tem que me perturbar. meu dulcílimo mal estar, minha queda livre. todos sabem que um tropeço pode ser infinitamente irritante e uma queda livre é uma queda livre.
pernilongos?
tire seu brinquedo da caixa, ainda que não seja para brincar. é assim que eu gosto, e quando o cabelo resolve cooperar. permita-me, minimamente, sempre minimamente, ainda que muito minuciosamente, permita-me explicar.
eu escreveria páginas sobre esse mundo. e todas as outras ficariam em branco.
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7 de jan. de 2011
sofrer de vida
mais trechos de 'tu não te moves de ti'
porque uma hora eu terei que devolver o livro...
"(...) teu limite é distante do meu, as descobertas não serão jamais as mesmas, sofro de sofreguidão, vejo através, difícil de dizer aos outros que estou sofrendo de vida, que nunca mais vou morrer porque me incorporei à vida, não é que não te ame mais, mas devo ir, direi assim?"
"Que foi, Tadeu? Nada estou aqui sentado. A reunião não é às dez? te sentes bem? Se todos se sentissem como eu, demasiadamente possuído por alguma coisa inominável... o que é? escalar a montanha? nadar no rio cheio de crocodilos? engolir uma serpente? ficar nu e lançar-me do terraço do quarto, os braços abertos e um grande urro durante o percurso?
Me sinto muito bem, estava apenas pensando"
"(...) dissertava sobre a hipotética cadeia das instituições, sobre esse primeiro passo que damos algum dia porque a noiva, a família, desabam suas redes de gosma endurecidas sobre nossas pobres cabeças, lá dentro uma convulsão nos avisa que o Tempo há de ser breve e é preciso chegar à frente daqueles que sofrem o engodo da mesma corrida, miríades de noivos, os ternos de giz perfeitamente castos recebendo o hálito das sacristias, todos depois enfileirados tua nossa vossa a do mundo santificada família, vestidos longos e curtos mas todos intocados, ramos de trigo sobre o meu encolhido corpo trêmulo, irado com o meu próprio momento (...)"
"Absurdo, Rute, existires junto a mim, eu junto à empresa, a empresa no mundo, o mundo nesse todo, um espaço de buracos negros e redondos corpos, cintilâncias, negruras, uma extra-sístole outra vez e cada vez que me repenso e sempre que sofro sedução e emigro, disso sim eu gosto, de ser tomado, de ser seduzido como estou sendo agora pela vida. SEDUÇÃO. Imagine, arranco neste instante, olha como espeta a mão. Se eu falasse com a voz do mundo, como falaria? Se eu falasse com a voz dos ancestrais, sangue, o sêmen do mundo em mim, a refulgência de uma nova voz?"
"(...) a vida estava ali, mas não só pelo que Tadeu via, uma vida percebida mais fundo do que os olhos viam, agora inúteis as fotografias ainda que eu especificasse que o papel deveria ser o mais precioso e que - por obséquio, é mais prudente mandá-las revelar no exterior - nada disso tornaria fixo e palpável este aprender de agora silencioso Tadeu abaixa-se para tocar num fruto rosado"
"ai Rute, se o tempo no teu rosto te cobrisse de rugas, se tivesses a dura e adocicada comunhão com as coisas, talvez sim tu serias mais bela porque o rosto adquire refulgência se dor e maravilha e matéria de tudo o que te rodeia te penetra, e ao invés de gastares teu ouro no apagar de umas linhas finas e de sulcos, tu te tocarias amante, mansa, sabendo que o vestígio de todas as solidões se fez presença no teu rosto, que o sofrido da água é cicatriz agora ao redor da tua boca, que tomaste para a tua fronte a linha funda da pedra, Ruteidade de Rute se te conhecesses como Tadeu desejaria, se deixasses que o Tempo fizesse a sua casa no teu centro, se a nossa casa tivesse sido a vida de nossas próprias almas (...)"
hilda hilst
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31 de dez. de 2010
uma bagunça solitária. quase bêbada. de uma pessoa que habitou um tanto confusamente. que deixou para amanhã. que esteve. que não foi interrompida. que deixou o cd rolar.
que tentou acreditar que amanhã (ela ainda não dormiu) não é o último dia de nada porque todos os dias são últimos e primeiros porque "é dentro de você que o ano novo cochila e espera desde sempre" mas não conseguiu, só que sem querer fez com que o penúltimo dia do ano ficasse com cara de último, com cara de missão cumprida, com cara de bagunça solitária, quase bêbada, de uma pessoa que habitou um tanto confusamente... que deixou para amanhã, mas que esteve, ainda que interrompida, e que deixou o cd rolar até trocar de cd porque ele não tinha mais contexto.
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22 de dez. de 2010
para malinowski
www.youtube.com/watch?v=vxvf7gR4-2M
Cracks in the pavement underneath my shoe
I care less and less about and less about you
No one else around to look at me
So I can look at my shadow as much as I please
All the kicks that I can't compare to
Making friends like you're all supposed to
You will never come close to how I feel
You will never come close to how I feel
Space around me where my soul can breathe
I've got body that my mind can leave
Nothing else matters, I don't care what I miss
Company's okay
Solitude is bliss
There's a party in my head and no one is invited
And you will never come close to how I feel
You will never come close to how I feel
Movement doesn't flow
Quite like it does when I'm alone
I'll be the one who's free
You and all your friends
Can watch me, today
Don't ask me how you're supposed to feel
You will never come close to how I feel
You will never come close to how I feel
You will never come close to how I feel
You will never come close to how I feel
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21 de dez. de 2010
pre-ri-go
vou ficar aqui quietinha vendo essa chuva cair... porque de vez enquando é bom brincar de juventude debaixo dos pingos pesados, mas agora eu sou grande e trabalho, não posso me resfriar.
se amanhã não posso lidar com a ressaca, melhor não virar essa cachaça.
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20 de dez. de 2010
14.05.2007
(...) assim, não existirá mais harmonia nem plenitude, e a sublimação de um
domingo nunca vai sublimá-lo completamente como quando existia a única pessoa que existia que não desistia. não existirá, nunca mais, segurança em andar quilômetros ou um metro deste mundo, sabendo que a conexão foi desligada, a energia foi sugada, e o tempo se esgotou antes do tempo.
por essas, acredito que não existirá a perfeição. esta, para ser de fato perfeita, tem que ser eterna: eis o único e mais doloroso defeito da amizade que chegou muito, muito perto.
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19 de dez. de 2010
muitas felicidades,
quem quer que estivesse lá fazendo o que quer que estivesse fazendo não me viu nascer. sim, eu nasci denovo, denovo.
, muitos anos de vida!
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17 de dez. de 2010
RESISTÊNCIA
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13 de dez. de 2010
"Nenhuma melhoria quantitativa da sua miséria, nenhuma ilusão de integração hierárquica é um remédio durável para a sua insatisfação, porque o proletariado não pode reconhecer-se veridicamente num dano particular que teria sofrido, nem, portanto, na reparação de um dano particular, nem de um grande número desses danos, mas somente no dano absoluto de estar posto à margem da vida."
guy debord - a sociedade do espetáculo
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7 de dez. de 2010
aos que foram ao mercado
aos que foram ao mercado e aguardam no futuro, atrás do carrinho de compras fazer cara de surpresa ao me avistar no corredor de produto de limpeza, aos que foram ao mercado viver outras vidas, tomar outros rumos, comprar outros produtos, aos que foram ao mercado carregando pedaços meus...
ao mercado e avante
para o mercado vão as pessoas que não ficam. algumas vão andando com as próprias pernas, outras a gente tem que relegar ao mercado e fechar as portas, assim como também a gente pode ir para lá de um jeito ou de outro. no mercado estão as pessoas que não estão com a gente, e no mercado estamos quando não estamos com elas. estamos comprando leite, pão, sabão em pó ou qualquer coisa que se venda, qualquer coisa que precisemos que o dinheiro possa comprar. pessoas vão ao mercado sempre ou uma vez ou outra na vida.
até o mercado existe toda uma vida de ausência e todo um passado de experiência, da ida ao mercado em diante existe toda uma vida de experiência e todo um passado de ausência. o que seria o mesmo que dizer que a vida segue, um tanto diferente de como vinha seguindo, às vezes melhor, às vezes pior. se há que se ir ao mercado, deve haver um motivo.
(continua, se a vontade que eu tava de escrever isso não tiver ido ao mercado)
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26 de nov. de 2010
eu passo a minha vida com ele. eu vivo cada minuto com ele. durmo e acordo com ele. falo, sonho, compartilho, trabalho e descanso com ele. não vivo do passado; vivo o presente. cada momento do presente e do futuro que eu tenho com ele. o amor mais real e vivido com ele. a casa, a alegria, as dificuldades, os crescimentos; todos meu e dele.
ainda assim, suas palavras me machucam.
ainda assim, eu tenho medo.
não gosto quando eu vejo você falar dele.
em parte porque eu já me senti como você, me alimentando de uma história que não existe mais.
claro que ele deve lembrar de você, sentir carinho por você;
mas viver desse passado, desejar ele de volta, não. isso eu sei que não.
me pergunto se você já ouviu falar de mim. se você sabe que nós moramos juntos.
um ano e meio morando juntos, vivendo juntos.
construindo o futuro juntos.
meu desejo é passar a vida inteira com ele, envelhecer e ser feliz sempre com ele.
viver o presente repleto dele.
porque o meu amor é real e vivido.
o meu amor me faz melhor a cada dia. me faz crescer.
tenho orgulho de viver minha vida com ele e de ter a sorte disso.
espero que você entenda.
postado por amali
minha tv meu edredom meus anos rebeldes
minhas gotas homeopáticas
meus incensos meu descanso
meus sóis e lá menores seguidos...
ainda me atrapalho com o dó.
e de muitas cores me rodeio
de muitas cores preciso
desenho flores nos cadernos
meio longe dos amigos
e não há ordem nas páginas
não há datas nos pensamentos
há cigarros que eu finjo não fumar
bolinhas de meias
e a pilha de devoluções
corujas em tudo quanto é lugar
às vezes isso é tudo que existe.
postado por ca
13 de nov. de 2010
I want to smoke my tears away.
postado por amali
1 de nov. de 2010
projeções: e amanhã, e depois? e trabalho, amor, moradia? o que vai acontecer? típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá. relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, deus dará.
postado por Mila
30 de out. de 2010
clareia do dia pra noite escurece da noite pro dia
tem algo que eu não sei apesar de tudo o que sei
mas é seguro
um brinde ao que prefiro
abraços e aprender intransigência
postado por ca
26 de out. de 2010
You'll go and I'll be okay,
I can dream the rest away.
Its just a little touch of fate, it will be okay.
It sure takes its precious time, but it's got rights and so have I.
I turn my head up to the sky
I focus one thought at a time
I do not let the little thieves under my tightly buttoned sleeves
You couldn't be alone, the time I feel like I am walking blind
I have nowhere, I'll have time
There are no legible signs
I like the way that you talk,
I like the way that you walk.
It's hard to recreate such an individual game
You wait your turn in the queue,
You say your sorry's and thank you's.
I don't think you're ever
A hundred percent in the room
You're not in the room
Deepest, of the dark nights
here lies, the highest of highs
Neopolitan Dreams, stretching out to the sea
You wait your turn in the queue,
You say your sorry's and thank you's
I don't think you're ever
A hundred percent in the room
You're not in the room
postado por amali
25 de out. de 2010
23/10/10
de tempos em tempos esse sentimento volta. e são nesses tempos que eu acabo pensando as piores coisas; nesse tempo, eu sou o pior de mim.
queria poder me esconder agora; me reservar agora. sinto vontade de falar sobre tantas coisas que eu ainda não entendo; tantas inseguranças que nesse momento me voltam.
não encontro palavras. não gosto de nada que escrevo/leio. penso no seu passado; é ele que sempre me toma. é nele que eu sempre me perco. as comparações são inevitáveis e incontroláveis agora.
você teria raiva de mim.
não me concentro em nada. minha mente divaga em palavras escondidas, em sentimentos fantasmas, em mistérios não resolvidos. faço na minha cabeça uma novela; com imagem e cor. vejo, no meu pesadelo, o seu final feliz. a minha morte é a sua salvação.
eu imagino tudo com tamanha sensação de realidade, que não há como não sofrer. um sofrimento real; de quem viveu. eu vivo isso sempre. já vivi seu abandono tantas vezes...
mas não há conformação.
postado por amali
lembrete
estar num lugar onde não se quer estar. acompanhada de quem não se quer acompanhar. fazendo coisas que não se tem vontade de fazer. suportando pessoas mais que não se suporta mais suportar. conversando sobre coisas que não se quer conversar. esperando da situação qualquer coisa que traga prazer... vamos acordar?
postado por ca
18 de out. de 2010
em tempo,
amarelar, no entanto, é outra coisa.
postado por ca
14 de out. de 2010
AMARELO.
O amarelo é uma cor-pigmento primária e cor-luz secundária, resultado da sobreposição das cores vermelha e verde. Encontra-se entre as faixas 565 nm e 590 nm do espectro de cores visíveis.
É considerado o mais expansivo entre os matizes, assim como o que mais atrai os olhos. A exploração de seu uso tem uma grande importância na obra de Vincent van Gogh.
O amarelo era a cor-símbolo do Imperador da China e por consequência, da Monarquia chinesa. Amarelo é a cor do curso de Medicina.
Para os estudiosos em segurança pessoal e patrimonial, é a cor mais adequada, pois qualquer corpo que tenha o amarelo como fundo – mesmo sob a escuridão – é facilmente perceptível, sendo assim a cor recomendada para muros e portões.
Em muitos países, o amarelo é usado para representar os táxis. A cor também costuma ser usada nas "páginas amarelas" das listas telefônicas para designar anúncios classificados.
Na natureza a cor amarela manifesta-se em frutos, flores e também em animais (em geral venenosos, como cobras e sapos).
Sinal do semáforo que obriga o motorista que ainda não entrou na correspondente interseção ou ainda não atravessou a correspondente faixa de pedestres a não fazê-lo, exceto se estiver tão próximo do local de parada que a frenagem exigida possa vir a causar um acidente.
Seu dimensionamento incorreto é uma das principais causas de acidentes nos cruzamentos com semáforos. Nunca deve ser inferior a quatro segundos em vias arteriais e inferior a três segundos em vias coletoras ou locais.
(FONTE: WIKIPEDIA)
postado por ca
8 de out. de 2010
a verdade é que esse blog deveria chamar:
apaixonado e sem critério.
postado por amali
meu partido é um coração.
o amor aqui tem nomes, tem espaços, transborda os espaços, é quase tudo o que há.
ficou pra ser que era pra ser o que fosse, o que quem de nós quisesse, e acaba que o amor vai e sempre volta como se fosse a coisa mais importante do mundo - escolhido, celebrado, escurraçado, desejado; entre um milhão de coisas, verdadeiramente perturbador. a culpa é toda nossa, e eu digo: ainda bem.
postado por ca
6 de out. de 2010
Não é in sentir amor, envolver-se. Ficou out dizer coisas como “quero ficar com você/ e é tão fundo que eu posso dizer/ que o fim do mundo não vai chegar mais” ou “parece bolero/ te quero, te quero/ dizer que não quero/ teus beijos nunca mais” ou “quando os caminhos se separam/ não tem razão que dê mais jeito” ou “é tão difícil ficar sem você/ o teu amor é gostoso demais”. É burro cantar coisas que eu, tu, ele, nós sentimos? É brega ter desejos e carências e dores e suspiros assim, de gente?
postado por Mila
24 de set. de 2010
"when you think you need to be in control, what you really need could be to let go"
http://thecultureofme.com/2010/07/stream-britta-persson-some-girls-some-boys.html
postado por ca
20 de set. de 2010
"...é preciso distinguir entre mudez - desqualificação permanente - e silêncio - condição transitória. falemos um pouco sobre o silêncio. sobre o que falamos quando fazemos essa coisa paradoxal e contraditória que é falar sobre o silêncio? como é possível alguém falar sobre o silêncio? o silêncio é evidentemente um termo relacional, e se define por seu oposto: ausência de ruído, em geral, e de fala, quando nos referimos a seres humanos. os românticos usavam o termo na primeira acepção, quando celebravam a calma e a serenidade da natureza. e pascal falou no silêncio eterno do espaço infinito. em seu uso humano, a palavra pode significar coisas muito diferentes e ter causas muito diversas. nem todos os silêncios são sinistros. há o abençoado silêncio da televisão desligada. que nos permite a concentração, o recolhimento, a introspecção, o luxo monástico da meditação solitária ou a dois. há o silêncio da lealdade, de quem se recusa a divulgar o que lhe foi confiado por um amigo. há o silêncio do magistrado, quando um processo corre em segredo de justiça, ou do sacerdote, que não pode revelar segredos de confessionário. há o silêncio místico, que nos é inspirado pela contemplação do inefável, do que não pode ser articulado por lábios humanos. citação tão bem descrita por wittgenstein: "devemos silenciar sobre aquilo que não pode ser dito". mas há também silêncios menos amáveis, como o imposto pela repressão, nas ditaduras, ou o silêncio dos investigados, que se calam invocando um habeas corpus preventivo. entretanto vou limitar-me aqui a três destes silêncios. há o silêncio provocado pelo espanto, pelo susto diante do inesperado, do assustador, o silêncio que "faz perder a voz". há o silêncio terrível que vem do desprezo. fala-se muito em gargalhada homérica, a dos deuses do olimpo, há também um silêncio homérico, praticado nas regiões infernais. assim, no canto XI da odisséia, ulisses narra a viagem que fizera ao reino dos mortos, onde encontrou a sombra de ajax, que ele tinha em vida ofendido mortalmente. ulisses usou toda sua eloquência para obter o perdão de ajax, mas o herói refugiou-se altivamente no silêncio. aí diz ulisses: "assim falei eu, mas ele nada respondeu. foi para o erebo, unir-se às outras almas. e no entanto, apesar do seu rancor, ele bem poderia ter me falado, e ouvido". no livro VI da eneida, virgílio imita esse episódio da descida aos infernos e descreve o encontro de enéias com a alma de dido, que se suicidara depois que ele lhe abandonara. (era a rainha de cartago, né, há uma relação apaixonada entre os dois e num certo momento enéias acha que tem que continuar a cumprir o destino que lhe foi imposto pelos deuses e seguir viagem rumo à itália em direção à fundação de roma, e dido não aceita, não consegue superar o sofrimento provocado por esse abandono e mata-se). então enéias desce aos infernos para tentar obter o perdão de dido, tenta justificar-se, dizendo que deixara cartago por ordem dos deuses, mas dido permanece muda e inflexível. diz virgílio: "com suas palavras, e banhado em lágrimas, enéias quis acalmar a ira da rainha, mas ela, voltando seu rosto, e olhando para o chão, fica tão silenciosa quando ele tenta falar como se fosse uma pedra ou uma rocha. o romantismo retomou o tema do silêncio heróico. num dos poemas mais conhecidos de vigny, "a morte do lobo", o poeta diz que os homens deveriam imitar as feras, que desdenham lamentar-se no momento da morte. "só o silêncio é grande", diz o poema de vigny, "todo o resto é fraqueza". baudelaire volta ao inferno dos antigos (para dar outro exemplo do silêncio desdenhoso, o de dom juan): "ignorando os lamentos das amantes traídas e as maldições dos pais desonrados, o calmo herói dom juan, levado pela barca de caronte, não se digna dizer nada". esse portanto é o silêncio do desprezo. mas há também um terceiro silêncio que eu queria salientar, o silêncio dos omissos, das almas tidas e mornas de que falava dante. dos pusilânimes, dos que deveriam falar e se calam. dos que poderiam ter protestado contra o nazismo, impedindo o holocausto, e por não terem protestado a tempo, ajudaram a consolidar um regime em que todo protesto se tornou impossível. em todos esses exemplos o silêncio fala. essa fala pode ser decifrada: o bom silêncio fala da necessidade de preservar a vida interior contra a agressão dos decibéis, da lealdade entre amigos, do exercício responsável dos deveres inerentes a um cargo, do respeito diante do que ultrapassa qualquer verbalização. e o que dizem os outros tipos de silêncio? o silêncio motivado pelo susto (...). o silêncio provocado, motivado pelo susto é indício de pavor, ou de surpresa diante de um acontecimento inteiramente imprevisível. o silêncio produzido pelo desprezo traduz uma atitude de negação radical do outro, de recusa do atributo humano por excelência: o direito à interlocução, e é indício de um estado de coisas ou de um comportamento que realmente merece esse desprezo. o silêncio dos omissos diz que o homem está fugindo de sua liberdade e das obrigações éticas que ela impõe. sim, todos estes silêncios falam."
trecho de áudio de palestra de sérgio paulo rouanet em seminário no rio em 2005
postado por ca
14 de set. de 2010
PALAVRAS DE UM CORAÇÃO PARTIDO
eu não acredito mais.
eu me desfaço em lagrimas de tanto pensar;
quanto mais eu penso, mais eu choro
e maior a minha certeza do que esta errado.
esta tudo errado.
eu não acredito mais.
a cada minuto que passa a minha vontade de ir embora cresce;
a cada segundo que eu choro a minha vontade de morrer volta.
não sou só eu o erro;
tudo em nós é erro.
tudo em nós não existe mais.
tenho essa clareza tão grande e um medo maior ainda.
tanto medo.
não sei lidar com ele;
não sei lidar com você.
eu não quero o amor beirando o ódio;
eu não quero que me procures só quando estou indo embora.
eu te faço perder tempo;
você faz com que eu me perca.
eu te deixei entrar demais;
eu me deixei mudar demais.
não tenho mais referências, não tenho mais meus amigos.
não tenho mais nem a mim mesma.
o meu único prazer é a fumaça que sai do meu corpo toda noite;
nem isso me deixas mais.
cada vez que ela vai embora eu tomo a decisão de partir.
nunca fui;
mas quero sempre.
quero sempre ir embora.
não pertenço a nada aqui, nem a você.
não desejo o teu corpo, nem o teu beijo, nem a tua presença.
não durma mais na minha cama.
me deixe ir;
me mande embora,
por favor.
postado por amali
31 de jul. de 2010
BIRDS
let's stay awake
and listen to the dark
before the birds
before they all wake up
it's the ending of a play
and soon begins another
hear the leaves applaud the wind
see the sun come rising
and white wings start to fly
like strings of pearls
in the fiery sky
i don't want to close my eyes
don't want to leave the stage now
hear, the leaves applaud our stay
lend me your wings
and teach me how to fly
show me when it rains
the place you go to hide
n' the curtains draw again
n' bow another day and
the leaves applaud the wind
postado por amali
30 de jul. de 2010
não escrevo nada que eu penso;
ou nada que eu escrevo eu penso de verdade.
mentira.
postado por amali
hoje nada me apetece.
(só você)
__________________________________________
que gosto eu tenho quando a tua boca me devora?
postado por amali
29 de jul. de 2010
...nem um só pesar. é que também, senti logo de ínicio, quanta natureza havia nos nossos seres, e a cultura que me forçava dizia: aquela biologia não fazia sentido.
(aham, lévi-strauss, senta lá)
postado por ca
28 de jul. de 2010
MESTRE JONAS
Dentro da baleia mora Mestre Jonas
Desde que completou a maioridade
A baleia é sua casa, sua cidade
Dentro dela guarda suas gravatas, seus ternos de linho
E ele diz que se chama Jonas, e ele diz que é um santo homem
E ele diz que mora dentro da baleia por vontade própria
E ele diz que está comprometido, e ele diz que assinou o papel
Que vai mante-lo preso dentro da baleia até o fim da vida
Até o fim da vida
Dentro da Baleia a vida é tão mais fácil
Nada incomoda o silêncio e a paz de Jonas
Quando o tempo é mau a tempestade fica de fora
A baleia é mais segura que um grande navio
E ele diz que se chama Jonas, e ele diz que é um santo homem
E ele diz que mora dentro da baleia por vontade própria
E ele diz que está comprometido, e ele diz que assinou o papel
Que vai mante-lo preso dentro da baleia até o fim da vida
Até o fim da vida, até subir pro céu
postado por amali
21/07/2010
eu não sei lidar com essa perda lenta;
que me corta fundo, me sangra inteira.
você nem (me) vê;
você nem olha.
sinto os sonhos destruídos, as palavras engasgadas.
você pode ir, se quiser;
mas não queira.
não me queira deixar.
não quero a morte do amor, só a minha.
quero a morte me tomando por inteira;
me envolvendo pela cintura, assim como você fazia.
dança comigo, morte.
me leva daqui.
não quero ver o que eu sinto acontecer.
o teu desprezo me espanta;
a tua frieza me enforca.
não quero mais ser a tua sombra;
ser essa morta-viva ao teu lado.
me vejo definhando nesse sofá de velhos mortos,
esperando você voltar.
mas você nunca volta;
você não existe mais.
aquele que conheci foi só miragem;
aquele que me amou foi só o vento passando pelos meus cabelos negros;
iludindo a minha boca faminta de amor.
o amor não existe na minha história;
o amor foi a maçã envenenada no meu conto de fadas.
o amor é merda que sai do meu corpo e fede;
que sai de mim e apodrece.
minha mão escreve, enquanto meu corpo morre.
a cada segundo o meu corpo morre;
que se passem as horas, então.
postado por amali
21 de jul. de 2010
AO TENTAR-SE DEPENDER DA ATENÇÃO E COMPANHIA CONSTANTES DE QUALQUER SER, E CEDER, CUMPRE ASSIM A TRÁGICA TAREFA DE AFASTAR-SE DO SEU PRÓPRIO.
postado por ca
me arrependo toda vez que me entrego.
postado por amali
17 de jul. de 2010
eu, que a vida toda te esperei;
hoje desejo te deitar na nossa cama, na nossa casa; nosso tudo. quero acordar nos teus braços meus; quero que você mexa no meu cabelo e beije os meus olhos, que só sabem te ver.
minha boca te beija querendo sempre mais; nunca sei te querer menos. nunca sei te ter longe, nem quero.
meu corpo faz parte do teu; ainda sim, minha mão te procura sempre ansiosa.
o teu mistério que ainda não revelei; o nosso segredo que o mundo não sabe; a nossa vida tão nossa, que só de nós faz parte.
meu refúgio, minha casa; onde meu coração descansa e habita naturalmente. onde eu sei ser o meu eu melhor; você me faz sempre melhor, mesmo quando me faz mal.
mas a vida com você é sempre mais gostosa, é sempre mais vivida. ainda que o nosso caminho encontre pedras e buracos; eu sigo do seu lado sempre firme, eu sigo do seu lado sempre.
sempre com (e muito) amor.
postado por amali
11 de jul. de 2010
PAREÇA E DESAPAREÇA - Leminski
Parece que foi ontem.
Tudo parecia alguma coisa.
O dia parecia noite.
E o vinho parecia rosas.
Até parece mentira,
tudo parecia alguma coisa.
O tempo parecia pouco,
e a gente se parecia muito.
A dor, sobretudo,
parecia prazer.
Parecer era tudo
que as coisas sabiam fazer.
O próximo, eu mesmo.
Tão fácil ser semelhante,
quando eu tinha um espelho
pra me servir de exemplo.
Mas vice versa e vide a vida.
Nada se parece com nada.
A fita não coincide
Com a tragédia encenada.
Parece que foi ontem.
O resto, as próprias coisas contem.
postado por ca
auei
odeio suas despedidas, todas.
até agora foram todas desalmadas, ou fingidas de sem alma
gosto mesmo é das chegadas,
vontades apressadas,
incontidas, insaciadas,
indubtáveis; e as despedidas, vazias,
caladas, roubadas.
gosto do durante tensionado
esse durante mantido
e depois já acostumado
do confortável durante dos silêncios abraçados
dos beijos pedidos e acatados
dos embriagados
dos olhos abertos enfurecidos
meu nome em meus ouvidos
suspiros
e os risos...
as despedidas, no entanto
parecem
postado por ca
8 de jul. de 2010
eu odeio essa sua camiseta antiga; curtida; em par.
postado por amali
6 de jul. de 2010
ao amigo (distante)
amigo, venho sempre pensando em você; em nós. as nossas escolhas (as minhas escolhas) que nos levaram pra tão longe. você, que foi sempre parte da minha vida, que foi decisivo nas minhas escolhas, que foi sempre ali, no choro, no riso.
penso em você e em mim, no quanto mudamos, no desvio dos caminhos, na ausência que eu sou hoje na sua vida. não me justifico, nem poderia. também não posso dizer que me arrependo da distância. ela foi uma escolha que eu tomei consciente. não por te amar menos, não por te querer longe. ao longo dos anos em que fomos quase irmãos, em que fomos uma família, você foi sempre o meu ponto de referência, você foi sempre a minha casa. as mudanças tantas da vida dificultaram a nossa adaptação quanto as mudanças do outro, épocas que existiram em que eu não sabia mais onde eu terminava e você começava. chegou o tempo em que isso não funcionava mais.
escrevo e desabafo porque às vezes é muito estranho não te ver; não ouvir a sua voz ou saber o que você escuta; não passar o dia com você para fazer absolutamente nada; não saber das tuas mudanças e resoluções.
acredito no dia em que o nosso caminho voltará a se cruzar, mas tenha a certeza que, mesmo longe, eu sempre penso e espero o seu bem. espero que você seja cada dia mais feliz e mais satisfeito com a vida; que você possa compartilhar a sua felicidade com quem você ama; e quem sabe um dia, a gente possa compartilhar a nossa vida, de novo.
um beijo, amigo.
fique bem.
postado por amali
PORQUE SAUDADE MATA.
antiga e fora de foco. mas o amor é sempre o mesmo.
postado por amali
3 de jul. de 2010
sejamos serenos, sempre.
postado por amali
1 de jul. de 2010
'linhagens do estado absolutista' que ninguém leu
não se pode prolongar o nascimento, há que se ter coragem para encarar de frente o que virá, o que quer que venha. é que quando o nascimento se vai, quando nos separamos da mãe ou o que quer que a represente (é, é assim), não importa o quanto estejamos preparados: nunca é fácil. e eu, eu não posso deixar de viver este momento, não posso fazer dele o que não é, mas o que então devo fazer? fugir, fingir, transparecer meu pesar, meu exagerar... se eu assim for, se eu assim fui, se assim estou: que fazer, onde ir, onde esconder,
por que esconder?
e o resto, que fazer do resto, esse enorme resto, esse tanto de coisas que é o resto? esse resto, que é a minha vida... vai atrasar. mais uma vez.
postado por ca
30 de jun. de 2010
a tua mão me tocou; senti a tua voz me chamar. meu sono leve quase me enganou, mas eu te vi; me olhando. te tive perto e tão perto de mim, me invadindo. tua respiração no meu ouvido; tua boca na minha. o desejo. eu me entrego; nos entregamos sempre (sou tua). o sono me abandona com louvor e não consigo mais dormir; quero madrugadas de risos, conversas e beijos. quero o meu corpo no teu sempre. quero vida e amor.
casamento de almas.
postado por amali
27 de jun. de 2010
Uma pressa, uma urgência. E uma compulsão horrível de quebrar imediatamente qualquer relação bonita que mal comece a acontecer. Destruir antes que cresça.
postado por Mila
25 de jun. de 2010
(domingo próximo)
arnaldo antunes
agora
agora que o agora é nunca agora posso recuar agora sinto minha tumba agora o peito a retumbar agora a última resposta agora quartos de hospitais agora abrem uma porta agora não se chora mais agora a chuva evapora agora ainda não choveu agora tenho mais memória agora tenho o que foi meu agora passa a paisagem agora não me despedi agora compro uma passagem agora ainda estou aqui agora sinto muita sede agora já é madrugada agora diante da parede agora falta uma palavra agora o vento no cabelo agora toda minha roupa agora volta pro novelo agora a língua em minha boca agora meu avô já vive agora meu filho nasceu agora o filho que não tive agora a criança sou eu agora sinto um gosto doce agora vejo a cor azul agora a mão de quem me trouxe agora é só meu corpo nu agora eu nasço lá de fora agora minha mãe é o ar agora eu vivo na barriga agora eu brigo pra voltar
agora
agora
agora
postado por ca
eu também já escrevi declarações desesperadas; eu também já vivi relações destruídas; eu também já pensei amar sem fim.
me torturo com o seu passado pela simples constatação do engano; do equívoco. antes de você, eu nunca amei. antes de você, eu não vivi. o antes de você não existiu. me corrói por dentro pensar nos seus amores; no seu corpo em outra pele; no seu murmúrio em outro ouvido. me enfraquece pensar que pra você não é único; pensar que você já sentiu vontade de viver a vida em outros braços, em outro abraço. pensar que talvez o passado viva ainda em alguma parte do seu corpo, da sua memória. ainda assim, eu acordo nos seus braços todo dia; ainda assim eu me dou pra você inteira, sem fim.
postado por amali
23 de jun. de 2010
doloroso é sempre o fim.
(as almas não se encontram mais)
postado por amali
nada
hoje eu não quero luz, não quero sombra nem água. eu simplismente não quero nada. não quero ser vítima, nem tão pouco acusadora; não quero ser séria, nem piada. não quero ser nada de você, nem de mim. não quero ser parte, nem centro, nem foco de nada. nada é a minha palavra favorita; a que melhor soa na minha boca, na minha vida. queria jogar essa vida fora. não precisaria de outra. não precisaria de nada. nada. nada é meu; eu também sou nada.
postado por amali
22 de jun. de 2010
porque laricar é uma delícia!
HAMBURGUER DE COUVE-FLOR 3 xícaras de couve-flor em florzinha com 1 cm de talo 9 fatias de pão de forma, sem casca, esmigalhadas 1/3 de xícara de leite 1 ovo 1 gema Queijo parmesão ralado a gosto (opcional)
MODO DE FAZER:
-
Cozinhe a couve-flor em água fervente até ficar macia
-
Escorra e pique bem
-
Coloque a couve-flor em uma tigela e junte com o pão, o leite, o ovo, a gema, e o queijo ralado
-
Misture bem e tempere com sal
-
Forme os hambúrgueres com 1/4 de xícara da mistura
-
Unte uma frigideira antiaderente e leve ao fogo até esquentar bem
-
Frite os hambúrgueres aos poucos em fogo baixo até dourarem dos dois lados
não resisti e postei. vo testar na casa nova.
postado por amali
será que só eu acho que THE XX combina com todos os momentos da vida??
MY HEART SKIPPED A BEAT.
postado por amali
19 de jun. de 2010
absorva (me)
pra você, eu não tenho identidade;
eu sou só o que você me faz.
(você não me vê)
me absorva.
postado por amali
18 de jun. de 2010
Preciso te confessar: depois que te conheci, deixei de gostar dos passarinhos. Deixei de gostar do som, do formato e da beleza dos passarinhos. Também não gosto mais de músicas que falem de amores perdidos, de amores recuperados, de saudade. Não gosto do seu caderno de desenhos; não quero ver as suas fotos; não tem gosto a sua velha sorveteria; a sua roupa antiga, a sua coberta; me incomoda. (eu sei , é um saco.)
Mas eu vim aqui te dizer que eu não gosto mais dos passarinhos.
Mas eu gosto das corujas ( das nossas corujas, das nossas tardes, nossas fotos). Me conforta pensar que elas não são pássaros; elas são os nossos sonhos com asas.
Me desculpe.
postado por amali
ai.
acho que não quero.
não quero mais nada.
--------------------------------
só de pensar já me arrependo
então finjo que não sofro,
minto.
não queria mentir.
mas eu procuro em detalhes,
em coisas bestas
o que vc não me da,
o que vc não me quis.
eu canso.
ai.
será a vida inteira assim?
será a vida inteira e fim?
vc acaba me achando louca,
ainda.
postado por amali
17 de jun. de 2010
eu não sou mais eu mesma
eu não sou mais eu
eu não sou mais
eu não sou
eu não
eu
sumindo.
postado por amali
2 de jun. de 2010
do boletim de notícias do interior do ser que vos escreve:
um breve momento de tranquilidade. entre o que sei e o que não sei, o que sou e o que não sou, o que tenho e o que não tenho, cá estou. sei que será breve, tanto quanto dure, terá sido breve demais tão longo quanto seja quando não for mais.
e voltará.
.
.
.
parei ontem na página exata antes de me irritar com ulisses. e disse pra corina que estava adorando o livro. e talvez esteja mesmo, a ponto de já não gostar do personagem que a autora e a protagonista afirmam não ser pedante; sim, pra mim ele é, desde hoje quando retomei. ele senta, olha, se demora, vomita um monte de verdades e inclusive afirma que sabe menos do que sabe, mas continua ensinando, posudo, bebendo uísque, forçando a barra. estou adorando o livro, torcendo pra que a lóri aprenda logo o que tem que aprender e vá logo viver sem esse mané.
(acho que ele também está me ensinando alguma coisa)
postado por ca
24 de mai. de 2010
não consegui dizer e acabei por não dizer nada. acabou que ficou entalado e com o passar do tempo ficou maior ao invés de ficar menor. uma simples palavra, mais uma meia dúzia de explicações baratas teriam resolvido o problema que ora se apresenta no meu imaginário, problema este proporcionalmente bastante desgastado posso dizer com certeza, ideia como dessas de tatuagem que a gente não faz e perde a vontade, acreditando assim que seria melhor não tê-la feito, de fato é assim que sinto seu desenrolar, mas que não deixa de esperar uma nova oportunidade de renascer dançante e embriagada em um sábado qualquer que se apresente... propício.
postado por ca
9 de mai. de 2010
às vezes chovia e às vezes não, dentro daquela meia hora interminável, e o guarda-chuva que eu carregava representava o desmoronamento da vida em geral, toda vida que havia à minha volta, os seres humanos todos pareciam chorar exceto pelo que de fato chorava, desesperadamente abraçado a seu cão desfalecido. eu chorei também.
postado por ca
24 de abr. de 2010
não era auto-ajuda
foi assim: eu terminei o parágrafo, fechei o livro e virei quase que eu mesma. e tenho sido, desde então.
postado por ca
Resolução
Apagar de vez o "palhaça" escrito na testa.
postado por Mila
26 de mar. de 2010
Memorable quotes for "I Heart Huckabees" (2004)
Vivian Jaffe: Why do you think that you tell the mayo story so much?
Brad Stand: I don't know. Why?
Bernard Jaffe: It's propaganda.
Brad Stand: [scoffing] For mayonnaise?
Bernard Jaffe: For you.
Vivian Jaffe: Specifically, you're so impressive because you know Shania. And you're so strong because you pulled one on her.
Bernard Jaffe: You're a funny guy, a good guy.
Vivian Jaffe: Keeping everyone laughing, so that maybe, quote, you don't get depressed.
Brad Stand: [shouting] Well, what's so great about depression?
Bernard Jaffe: Nothing. Unless it holds the key to something you compulsively avoid, so it will never be examined or felt. Hence your behavior becomes repetitive like the story.
Vivian Jaffe: Like the story.
Bernard Jaffe: Like the story.
Bernard Jaffe: Shut up. Alright, I don't have to tell stories.
Vivian Jaffe: What do you think would happen if you didn't tell the stories? Are you being yourself?
Brad Stand: How am I not myself?
postado por ca
25 de mar. de 2010
é do agora que depende o amanhã?
postado por ca
17 de mar. de 2010
9 crimes
http://www.youtube.com/watch?v=cgqOSCgc8xc&feature=related
postado por ca
9 de mar. de 2010
miséria
quando deus te desenhou,
ele tava namorando.
postado por ca
5 de mar. de 2010
sabemos agora muito bem ela e eu, eu e ela, do que se trata; sabemos tão bem que recebi dela uma almofadada animada; e rimos do que nos pareceu - podemos dizer, foi - patético, e de fato o é e será enquanto for (precisamente por não
ser), sabemos também que os olhos nossos veem com os nossos olhos e não com os dos outros mas a gente se esforça e vê, vê o que antes não via, vê de longe e do alto; sabemos ainda que não é tão fácil ignorar ou expulsar a voz do abismo que chama por simples diversão, mas sabemos que com o tempo ela se vai, e volta e vai e volta até ir pra nunca mais dizer um nome mas dizer outro como damien rice nos conta em seu hit mais famoso, aquele que seu jorge e ana carolina fizeram a gentileza de regravar pessimamente.
no mais, ao meu lado tenho, na minha mais absoluta beleza do mundo, amigos.
postado por ca
23 de fev. de 2010
hold your own, know your name, and go your own way
postado por ca
19 de fev. de 2010
http://www.youtube.com/watch?v=jFnN3YhPzKENuma espécie de limbo
O sonâmbulo anda feito pêndulo
Ora pende dormindo, ora pende contra o tempo
E faz deste inimigo, atrasado, correndo
Justifica um vazio interno, imenso
Fugas mentais ocupam os pensamentos
E se torna incapaz de ocupar a si mesmo
TVs, zines, jornais, químicas num intento
Bloquear os canais
Domesticar seus anseios
...Que é bom desconfiar dos "bons" elementos
Feito histórias de Moebius vão tirar sua visão
E te dar olhos passivos adequados ao padrão
postado por ca
18 de fev. de 2010
no dia em que tive preguiça
e ouvi um silencioso 'espere'
não fui cortar os cabelos
adiei os compromissos
fiquei
nesse dia e não antes desse dia
foi nesse dia que me perdi de mim
postado por ca
11 de fev. de 2010
"(...) sabe o senhor Tadeu que os arminhos falecem se os colocamos numa poça de lama? que nunca mais se mexem e ficam lá parados para que se não manche a alvura do pêlo? Guxo é como os arminhos, só isso de chorar é que não se sabe, deve ser compaixão de nos ver a nós tão insensatos, fazendo tantos ruídos e trabalhos que o seu ser canino não compreende, ou melhor, compreende tão perfeitamente que aos olhos lhe vem a piedade"
Hilda Hilst, (uma boa companheira),
Tu não te moves de ti
postado por ca
8 de fev. de 2010
"Pra onde vão os trens meu pai?
Para Mahal, Tamí, para Camirí, espaços
no mapa, e depois o pai ria: também
pra lugar algum meu filho, tu podes
ir e ainda que se mova o trem
tu não te moves de ti."
Hilda Hilst,
Tu não te moves de ti
postado por ca
1 de fev. de 2010
"O profissionalismo funde o indivíduo em padrões de total acomodação ambiental. O amadorismo procura o desenvolvimento da consciência total do indivíduo e a consciência crítica das regras básicas da sociedade. O amador pode dar-se ao luxo de perder. O profissional tende a classificar e especializar, a aceitar sem crítica as regras básicas da sociedade. As regras básicas fornecidas pela reação de massa de seus colegas servem como meio ambiente penetrante do qual ele extrai satisfação sem dele ter consciência. O "especialista" é o homem que fica parado."
Marshall McLuhan e Quentin Fiore,
Os meios são as massa-gens
postado por ca
23 de jan. de 2010
“Biopoder” é o termo criado pelo filósofo e historiador francês Michel Foucault (1926-1984), nadécada de 70, para referir-se à prática dos Estados modernos de desenvolver um número sem igual de técnicas destinadas à subjugação dos corpos e ao controle das populações
postado por ca
17 de nov. de 2009
seja como for, continuo gostando muito de você - da mesma forma -, você está quase sempre perto de mim, quase sempre presente em memórias, lembranças, estórias que conto às vezes, saudade...
postado por Mila
13 de nov. de 2009
prontofalei
não devo julgar as meninas e suas atitudes
não devo julgar as meninas e suas atitudes
não devo julgar as meninas e suas atitudes
não devo julgar as meninas e suas atitudes
não devo julgar as meninas e suas atitudes
não devo julgar as meninas e suas atitudes
não devo julgar as meninas e suas atitudes
não devo julgar as meninas e suas atitudes
não devo julgar as meninas e suas atitudes
não devo julgar as meninas e suas atitudes
não devo julgar as meninas e suas atitudes
não devo julgar as meninas e suas atitudes
não devo julgar as meninas e suas atitudes
...ridículas.
postado por ca
9 de nov. de 2009
nós que sempre julgamos a tia soraia devemos desculpas à tia soraia e isso é tudo que eu posso dizer no momento.
postado por ca
31 de out. de 2009
Eu sofro sendo assim, eu sofro porque, quando você acha mais da metade do mundo babaca, você passa muito tempo sozinho.
postado por Mila
25 de out. de 2009
(auto-)constatação
tudo é muito dramático,
doentio,
vivido como se fosse o último,
chorado como se fosse único,
e jamais é permitido fazer festa.
sorrir não é proibido,
desde que seja contido,
e se não for,
que não seja em público.
isso não é injusto?
não está descompensado?
de que isso é reflexo,
e quanto é necessário?
quanto é exagero
ou escasso?
postado por ca
24 de out. de 2009
escrevo. e pronto.
escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
ninguém tem nada com isso.
escrevo porque amanhece,
e as estrelas lá no céu
lembram letras no papel,
quando o poema me anoitece.
q aranha tece teias.
o peixe beija e morde o que vê.
eu escrevo apenas.
tem que ter por quê?
(razão de ser, paulo leminski)
postado por Mila
23 de out. de 2009
Às vezes parece que você está mais acordado que as outras pessoas. É como se você pudesse perceber mais, sentir mais que os outros. A sensação é de que a nossa percepção é mais exata e próxima da realidade. E você vai construindo sofismas pra si mesmo, supondo-se inteligente e criando sofrimentos desnecessários. Eu escrevo isso aqui na esperança de que alguma pessoa entenda e desista disso. Porque a mim custou tanto tempo e desgaste entender e acreditar que eu só me fazia mal.
Não quero olhos fechados e não quero essa pretensa lucidez. Eu não entendo mais que ninguém.
postado por Mila
Minha doutrina ensina o seguinte (...): aquele cujo esforço é a alegria suprema, que se esforce! Aquele que, antes de tudo, gosta de repousar, que repouse! Aquele que, antes de tudo, gosta de se submeter, obedecer e fugir, que se submeta, obedeça e fuja! Mas que saiba bem para onde se encaminha sua preferência e que não recue diante de nenhum meio!Nietzsche, provando que os niilistas sabem viver. A vida não precisa ter um sentido pra valer a pena, certo? A intensidade (do que quer que seja) é o que conta.
(E eu sei que tenho exagerado nas citações, mas é que habitamos um mundo que já foi escrito. Só precisamos aprender a ler.)
postado por Mila
22 de out. de 2009
Eu queria entender como algumas pessoas conseguem levantar da cama todos os dias sem o mínimo de peso na consciência.
Às vezes, magoar os outros é inevitável, mas o que pensar de quem faz o mal deliberadamente?
postado por Mila
Desculpe, Babe
Mutantes
Desculpe babe
Não vou ficar com você
Desculpe babe
Não vou mais ser joão ninguém
Eu vou correndo
Buscar a glória
Minha glória
Desculpe, babe
Mas eu já me decidi
Desculpe babe
Eu vou viver mais pra mim
Eu vou correndo
Buscar a glória
Minha glória
Glória, glória...
postado por Mila
Eu só quero conseguir dormir em paz, aliás, eu preciso conseguir dormir em paz e preciso também que o meu coração volte a bater num ritmo minimamente normal um dia desses, e eu quero não estar com esta voz de travesti rouco que tomou chuva e falou demais, eu quero paz, paz, paz, eu não consigo ter paz, assim eu não vou conseguir ter paz. O ano mais maligno não acaba nunca, quando eu acho que está tudo bem e melhorando e que uau, as coisas podem dar certo na vida lá vai tudo ralo abaixo, adeus, adeus, eu já sabia. Toda quebrada e sem defesa nenhuma. Sem estar toda fudida porque toda fudida eu já não fico mais. Mas toda quebrada e sem defesa nenhuma. Aquele vazio bem filho da puta. O dia cinza. Vontade de ficar parada e tentar cessar de existir. E de respirar. E de sentir só um pouco. Eu preciso de paz. Eu preciso. Eu não quero precisar de nada.
postado por Mila
20 de out. de 2009
a intenção foi das melhores, ela só não queria disseminar o mal estar.
acabou que sentiu muita tristeza quando olhou pra dentro e viu tanto mal estar acumulado, transbordando, dela e dos outros, tamanho o medo de disseminar o mal estar. pânico de disseminar o mal estar. de piorar o mal estar que já se encontra em quase tudo quanto é lugar...
não via mais o quanto temia disseminar esse mal estar. já nem sabia mais porque calava-se tanto, e calou-se tanto e por tanto tempo que também já mal conseguia falar, com medo de tudo ter se contaminado de mal estar.
que mais poderia então se tornar senão um poço de mal estar?
guardou o quanto pôde, sem jamais tomar consciência do espaço que ocupava, sem jamais calcular quanto espaço tinha pro tanto que colocava. já não sabia mais porque fazia isso e fazia sem pensar.
continua... se pá.
postado por ca
1 de out. de 2009
a gente não tem culpa se certos trechos falam por nós. eu, no caso, poderia citar um livro inteiro (a saber, o da última citação). isso voltará a acontecer. no entanto, hoje vou usar minhas rimas pobres e minha quase sempre presente incoerência para dizer:
vertigem
desejo de cair
se jogar*
entre os seres humanos não-humanos e pedir:
devorem-me de uma vez. não sou capaz de manter os cristais imóveis no lugar. eles ali quietinhos parecem pedir quebrar.
e eu, eu não quero estar...
silêncio nas dimensões do universo (ecoa a voz do fim do mundo)
hora de encarar: não posso morrer nem voar.
"agora" é um lugar onde respiro falta de ar,
e todo futuro é escuro.
(bem que poderia vir o passado e me dar um abraço)
.
.
.
e também parabenizar o blogger (ou o meu irmão, ou o iexplorer) pelo dicionário imediato online inglês-português que apareceu aqui de repente como mágica.
*ver: A insustentável leveza do ser, Milan Kundera
postado por ca
29 de set. de 2009
JURO QUE É A ÚLTIMA CITAÇÃO QUE EU COLOCO AQUI. É QUE É MUITO EU:
"Sabia que tinha alguma coisa fora do lugar em mim. Eu era uma soma de todos os erros: bebia, era preguiçoso, não tinha um deus, idéias, ideais, nem me preocupava com política. Eu estava ancorado no nada, uma espécie de não-ser. E aceitava isso. Eu estava longe de ser uma pessoa interessante. Não queria ser uma pessoa interessante, dava muito trabalho. Eu queria mesmo um espaço sossegado e obscuro pra viver a minha solidão. Por outro lado, de porre, eu abria o berreiro, pirava, queria tudo e não conseguia nada. Um tipo de comportamento não se casava com o outro. Pouco me importava". (Bukowski)
postado por Mila
28 de set. de 2009
"A resistência da madeira não é a mesma conforme o lugar em que se enfia o prego: a madeira não é isótropa. Eu também não; tenho meus "pontos delicados". O mapa desses pontos, apenas eu o conheço, e é de acordo com ele que me guio, evitando, procurando isso ou aquilo, segundo condutas exteriormente enigmáticas; gostaria que distribuíssem este mapa de acupuntura moral aos meus novos conhecidos (que, de resto, poderiam utilizá-lo
também para me fazer sofrer ainda mais)."
Roland Barthes, "Fragmentos de um discurso amoroso"
postado por ca
22 de set. de 2009
“não sinto nada mais ou menos, ou eu gosto ou não gosto. não sei sentir em doses homeopáticas. preciso e gosto de intensidade, mesmo que ela seja ilusória e se não for assim, prefiro que não seja. não me apetece viver histórias medíocres, paixões não correspondidas e pessoas água com açúcar. não sei brincar e ser café com leite. só quero na minha vida gente que transpire adrenalina de alguma forma, que tenha coragem suficiente pra me dizer o que sente antes, durante e depois ou que invente boas estórias caso não possa vivê-las. porque eu acho sempre muitas coisas — porque tenho uma mente fértil e delirante — e porque posso achar errado — e ter que me desculpar — e detesto pedir desculpas embora o faça sem dificuldade se me provarem que eu estraguei tudo achando o que não devia. quero grandes histórias e estórias; quero o amor e o ódio; quero o mais, o demais ou o nada. não me importa o que é de verdade ou o que é mentira, mas tem que me convencer, extrair o máximo do meu prazer e me fazer crêr que é para sempre quando eu digo convicto que “nada é para sempre”.
(gabriel garcia marquez)
postado por Mila
9 de set. de 2009
FATOS QUE MARCARAM A HISTÓRIA I
Ibirá, 2002.
Tia amarguradíssima e arrogantérrima dá em Camila uma bronca ressonante por ela ter estendido uma calcinha na janela do banheiro ao lado das cuecas dos meninos. Camila retira a calcinha e a tia se dá por satisfeita; Camila aprende a lição: só cuecas na janela do banheiro.
postado por ca
1 de set. de 2009
“ eu sou sim. eu sou não. aguardo com paciência a harmonia dos contrários. clarice lispector
postado por Mila
27 de ago. de 2009
olha, existem alguns sinais que o universo dá que precisam ser levados a sério. Quando uma coisa começa esquisita, NÃO TEM COMO TERMINAR BEM. Preciso aprender isso.
postado por Mila
IT'S NOT THAT EASY!
postado por Mila
26 de ago. de 2009
fica feliz que vai funcionar
quem diz é o chinês, fica a dúvida: fica feliz porque vai funcionar ou fica feliz que só assim vai funcionar?
ou as duas coisas?
("bebendo chá verde ele me diz / fica feliz que vai funcionar / mas eu tô feliz..." - chá verde - tiê)
postado por ca
25 de ago. de 2009
a.re.voltou
VIVA!
postado por ca
5 de ago. de 2009
miopia noturna
postado por ca
nem cá nem lá
o meu silêncio não é porque eu estou sem ambiente*. é porque eu estou sem mundo.
*expressão utilizada inicialmente pelo tutu para designar desconforto em meio à multidão.
postado por ca
2 de ago. de 2009
eu acredito demais no que não existe. E um dia eu prometi a mim mesma que isso não aconteceria de novo. Mas cá estou eu, acreditando no que não existe mais uma vez.
postado por Mila
30 de jul. de 2009
"talvez um dia eu seja uma pessoa mais equilibrada. dessas que não se abalam tanto com os problemas. que sabem administrar com inteligência a maioria das situações. mas, por enquanto, confesso que não consigo. basta uma coisa dar errado para estragar todas as outras. um desequilíbrio literal. imagino meu humor como uma pilha de latas em um corredor de supermercado. estão todas lá: umas em cima das outras. organizadas. alinhadas. aí vem uma criança teimosa e tira uma das latas de baixo. a do meio! e, em dois segundos, está tudo no chão. era impossível que continuassem de pé sem aquela lata. ando meio triste. uma criança teimosa passou por aqui um dia desses e levou o que queria. tirou uma lata e foi embora. sei que vou ficar bem. no fim, as coisas sempre se ajeitam. mas dá um trabalho organizar tudo de novo! ter de pegar lata por lata e empilhar outra vez… uma a uma. bem devagar. até achar o tal do equilíbrio."
eduardo baszczyn
postado por Mila
29 de jul. de 2009
postado por Mila
entro no quarto e vejo uma caixa de presente verde rasa bem bonita. abri, continha umas fotos antigas, a primeira eu reconheci, que era minha bisavó. deixei lá pra ver depois e fui tomar banho. quando voltei, veio ela, minha vó:
- se você tiver medo de dormir aqui com essa caixa eu levo pra lá.
- medo? que tem nela?
- foto de gente morta.
- quê? só tem gente morta aí?
- só morta.
- pra quê você tem uma caixa com foto de gente morta?
- eu guardo aqui pra no dia de finados acender uma velinha pra eles.
- AAAAAAAAAAAAAH TÁ (como eu não pensei nisso antes!). posso ver?
ela começou a me mostrar uma por uma:
- esse aqui é meu tio não-sei-quem que morreu de acidente de carro. essa aqui é minha tia x que morreu no parto, e essa daqui também. esse é seu bisavô. esse é o meu avô. essa é minha tia muito querida que se matou, bonita né? tinha 21 anos, se matou por causa de namorado, judiação... essa daqui todo mundo morreu, um morreu disso, um morreu daquilo, um morreu daquilo outro... e esse aqui, bom, esse aqui é o CHE GUEVARA.
--
postado por ca
25 de jul. de 2009
Não é que as coisas são longe, Santo André é que é longe demais.
Problema resolvido.
postado por Mila
milá,
favor consertar (não encontrei como fazê-lo), na sessão 'acompanhamos', o blog 'entretantos'; tem alguma coisa errada com o link, porque não tá entrando, e ele existe que eu sei.
saudade, outro-eu, pare de dizer que as coisas são longe.
much love,
ca
postado por ca
24 de jul. de 2009
PERDER LIBERTA
postado por Mila
19 de jul. de 2009
de www.nataliedee.com
postado por ca
16 de jul. de 2009
Debaixo dágua - Arnaldo Antunes
Debaixo dágua tudo era mais bonito
mais azul mais colorido
só faltava respirar
Mas tinha que respirar
Debaixo dágua se formando como um feto
sereno confortável amado completo
sem chão sem teto sem contato com o ar
Mas tinha que respirar
Todo dia
Todo dia, todo dia
Todo dia
Todo dia, todo dia
Todo dia
Debaixo dágua por encanto sem sorriso e sem pranto
sem lamento e sem saber o quanto
esse momento poderia durar
Mas tinha que respirar
Debaixo dágua ficaria para sempre ficaria contente
longe de toda gente para sempre
no fundo do mar
Mas tinha que respirar
Todo dia
Todo dia, todo dia
todo dia
Todo dia, todo dia
Todo dia
Debaixo dágua protegido salvo fora de perigo
aliviado sem perdão e sem pecado
sem fome sem frio sem medo sem vontade de voltar
Mas tinha que respirar
Debaixo dágua tudo era mais bonito
mais azul mais colorido
só faltava respirar
Mas tinha que respirar
Todo dia
Todo dia, todo dia
Todo dia
Todo dia, todo dia
Todo dia
postado por ca
14 de jul. de 2009
"A História é o caso-limite da física em que as mesmas causas não reproduzem jamais os mesmos efeitos, porque as mesmas causas não se reproduzem jamais."
(Jean-Marie Auzias em
A Antropologia Contemporânea)
TEJAMOS NESSA
postado por ca
13 de jul. de 2009
tem nada pior do que sensação de metade. E eu me sinto pela metade. Aliás, eu sempre estive pela metade, já tinha acostumado. Aí vem alguém, dorme no seu pertinho, fala tudo que você sempre quis ouvir e vai embora antes que você acorde. E você nunca mais acorda, sua vida vira um pesadelo. Não um pesadelo assustador. Nada, simplesmente. Um pesadelo onde nada acontece. Nada. Como o Nada da História Sem Fim. Ausência de gravidade, de cheiro, de gosto. De amor e de ódio. De paz e de dor. Ausência de tudo. Nada. Não adianta andar, você não vai chegar a lugar algum. Então você fica parado. Estático, imóvel, inútil. Nada adianta.
Depois passa.
postado por Mila
12 de jul. de 2009
então. eu cansei. cansei. e se eu continuar repetindo essas seis letrinhas nessa ordem e com essa pausa no ponto final durante o resto da minha vida - que, suponhamos, irá até os 70 anos - talvez eu consiga expressar com palavras uns 30% do quanto estou cansada. da situação atual. da anterior. de mim. de você. desse samba do crioulo doido com roteiro rocambolesco de novela mexicana, dessas bem clichês mesmo, em que a vida, o universo e tudo mais se transformaram. cansei. desisto.
postado por Mila
"There's a point in life when you get tired of chasing everyone and trying to fix everything, but it's not giving up. It's realizing that you don't need certain people and their crap."
postado por Mila
4 de jul. de 2009
enquanto eu penso no tempo...
o morgan ficou ali, jogado na mesa da sala, esperando a madrugada. eu o levei pra todo lugar, espalhei por diversas mesas e até no chão... aos poucos estamos nos aproximando, mas a verdade é que eu estou com preguiça, e me bateu uma ressaca de ontem que não bateu pela manhã. o engels também está lá, verde, a me chamar, mas eu digo "já vou" como diz o meu irmão quando diz que já vai e demora muito mais do que um já.
hoje é mais um dia em que nada será concluído.
postado por ca
(ocean in the way)
O MAR
TEM ONDAS
QUE BALANÇAM
O BARQUINHO
ONDE EU
IRRESISTIVELMENTE
ME ENCONTRO
A INTENSIDADE
DAS ONDAS
DO MAR
DEPENDE
DE FATORES
DIVERSOS
ALHEIOS
AO MEU
CONHECIMENTO
O BALANÇO
DAS ONDAS
DO MAR
TONTEIA
O MEU
ENTENDIMENTO
O MAR
TEM UM SILÊNCIO
ABSOLUTO
QUE FALA
SEM PARAR
ESTOU
COM MEDO
DO MAR
ESTOU
NO MEIO
DO MAR
QUERO
NO ENTANTO
INDISCUTIVELMENTE
CONTINUAR
postado por ca
23 de jun. de 2009
o grito
eu fico engasgada do dia pra noite e sei porquê, só não me é permitido dizer. então eu só vim aqui dar um grito pra desabafar, sabendo no entanto que não estará nem perto de ser suficiente...
CARALHO, BR!pronto, não adiantou nada.
postado por ca
20 de jun. de 2009
SBBHQK SBBHQK
CAMILA FALANDO COM A TERRA
CAMILA FALANDO COM A TERRA
TERRA RESPONDENDO
TERRA RESPONDENDO
NÃO PODEMOS REGRESSAR
NÃO PODEMOS REGRESSAR
...
postado por ca
19 de jun. de 2009
postado por Mila
18 de jun. de 2009
♥
depois de pegar meio pesado... doçurinha!
wendy mcneill - building a castle
left, right, left was the pace of my steps
as i wrestled with a riddle that was making my mind twitch
it was spring in November
air was full of regret
i said -think baby, think baby, how can i change this?
i passed a woman on the church steps by the side of the street
she had coins in her cup, a child´s hand on her cheek
i said - think baby, think baby, how can i change this?
took the long way home then went to sleep restless
and i dreamt of a castle rich and bright
and everyone in it was filled with light
you´ll never know the answer if you stop trying
like bobby says, ´if you ain´t busy living your busy dying´
whoever tells you it's pointless, well, they´re lying
and if that who is you, then you should change your mind
start
buliding a castle , don´t sit and cry
because heartache is a hassle and a waste of time
bless the genies and the meanies
and the everyone in between´ies
all the comings and the goings
of the fathers and the thieves
all the freakers and the teachers
all the girls dying to please
all the movers and the shakers
the ones with scratches on their knees
start building a castle, don´t sit and cry
because heartache is a hassle and a waste of time
♥
[ do site
http://www.musicadebolso.com.br/:
Wendy McNeill é uma cantora e compositora canadense que aportou em São Paulo para participar do projeto
"Solitude: Vozes Femininas", que trazia artistas do cenário independente com sonoridades marcantes, em apresentações solo. Não a conhecíamos, então. Seu show foi delicado e algo furioso, cheio de pedais, loops e sobreposições sonoras, além de seu acordeon reinando junto às suas composições. Ela era uma banda, sozinha. ]
nós estávamos lá :)05/10/07 - ju, wendy mcneill e eu. wendy, saudade!
postado por ca
16 de jun. de 2009
das análises de que nunca canso
o ditador e a razão
malditas prioridades que se auto-priorizam em mim. melhor seria dizer que se auto-absolutizam em mim, por vezes. eu, que já ando com tudo sempre meio parado! querem ainda por cima parar com as atividades que mal executo, enquanto todo um mundo espera por mim. é ridículo.
com que tanto mimo e facilidade fui acostumada para que meus quereres não saibam dizer não a si mesmos? não querem esperar o amanhã, não sabem a hora de ir embora, não descansam. será possível que façam de mim um animal com fome e nada mais?
eu tenho a chamada razão, mas ela se retira, se deixa confundir, se perde, se mascara e se irrita. e se anula, o que deveria entrar em equilíbrio com meu ser, senão movê-lo.
então eu parei aqui. deixei esperando, um pouco mais, o que espera por mim. para respirar, porque não tinha como não fazê-lo. precisava controlar que acordou o ditador, esperneando descontrolado como sempre faz. agora ele está sentado, mas permanece inquieto, olhando pros lados, balançando as pernas e fumando cigarros e cigarros. e é tão infantil, que em certos momentos ameaçou mesmo chorar...
alguma coisa teremos que fazer com você, menino teimoso, pra você amadurecer. parar de me cegar, me deixar viver o agora, a eternidade dos milésimos dos meus dias. algo teremos que fazer para que não se descontrole tanto à frente de tão pequeno perturbar. o dever precisa ser ouvido, pare de badernar, eu preciso deixar esse lugar. porque quer o que quer tanto, e tanto agora, que tantas incertezas te causam insegurança? por que não confia em mim, no que virá? não entende que não tem controle sobre nada do que não conheça o funcionar, e que talvez, provavelmente, de muito do que existe nunca conheça?
tenha peito para encarar, pare com desculpinhas. o mundo em que você vive não é o que se apresenta, com apenas boas intenções e mal pensadas (ou não pensadas) ações nada vai mudar. respire fundo e aprenda de uma vez, antes que eu te encha de lexotan, que hoje você cansou a minha beleza.
postado por ca
15 de jun. de 2009
"robson, te amo mas perdi o tesão Adeus Renata"
postado por Mila
31 de mai. de 2009
Sabe o que eu queria? Sabe o que eu queria de verdade? Eu Queria saber onde você está, onde diabos se meteu, onde diabos se mete sempre. Quero saber o que se passa na sua cabeça. Quero saber se eu passo pela sua cabeça quando não estou no seu campo de visão. Porque você passa pela minha o tempo todo. Cada vez que saio de casa, espero te encontrar e espero que aconteça alguma coisa. Alguma coisa. Qualquer coisa. Você foi crescendo devagarzinho e quando eu vi era só o que tinha lá dentro, mal sobrava espaço pra mim. Sua cabeça está uma bagunça? Você não imagina o que acontece dentro da minha. Só que eu não tenho medo da minha própria cabeça. Eu sei o que fazer com ela, mesmo que seja bater na parede pra acalmar as coisas lá dentro. Eu não tenho medo de me perder nem de fazer a coisa errada, desde que faça alguma coisa. E mesmo que não tenha volta, não vou viver na angústia do se. Eu tenho o go for it. Medo de quebrar a cara é algo lamentável, triste, deserto sentimental. O Horror. O Horror não são os erros, são os passos pra trás ou as hesitações na hora de atravessar a rua. Se um carro me atropelar, vai ser porque não olhei pros lados, não porque resolvi atravessar. Mas pelo jeito, você quer mesmo ficar do lado de lá.
postado por Mila
26 de mai. de 2009
postado por Mila
25 de mai. de 2009
não estou lá
e, pensando bem... olhando bem, continuo preferindo não estar. existem bueiros e bueiros, se for pra ficar em um eu prefiro ficar no que contenha motivos que me valham a pena.
postado por ca
22 de mai. de 2009
olha, eu fico impressionada em até que ponto a loucura humana chega. eu não sei o
nome exato e estou com preguiça de procurar no google, mas deve existir uma doença que faz a pessoa acreditar que absolutamente tudo que é dito no mundo é sobre ela. pessoas que sofrem de _________________ (paranóia? psicose maníaco-depressiva?
transtorno obsessivo-compulsivo? distúrbio de personalidade múltipla?) acreditam que você acorda, come, toma banho e busca os filhos na escola pensando nelas. coloquei uma foto de biquíni no meu orkut? opa, foi pensando em você, gata! um amigo meu visitou o seu perfil? ai, desculpa, é que a gente só fala de você, sabe? e é por isso que eu ando meio de saco cheio desse rastreador de visitantes recentes – ele só aumentou a demência megalomaníaca das pessoas. então pode ser que esse post seja para você, pode ser que não.
resolve aí com as vozes dentro da sua cabeça.
postado por Mila
17 de mai. de 2009
comemorando a existência...
JÁ QUE NÃO TEM OUTRO JEITO
dramalhão à parte, em muito boa hora a mãe amali (que é mãe da teresa mas às vezes é minha também, porque ela dá conselho e bronca e quer o meu bem ♥) me mandou essa música e me ajudou a sair do redemoinho de tretas que estavam me deixando sem direção, e com ela agora eu comemoro a existência e faço dela o melhor que posso:
(jason mraz - details in the fabric)
Calm down
Deep breaths
And get yourself dressed instead
Of running around
And pulling all your threads and
Breaking yourself up
If it's a broken part, replace it
If it’s a broken arm then brace it
If it's a broken heart then face it
And hold your own
Know your name
And go your own way
Hold your own
Know your name
And go your own way
And everything will be fine
Hang on
Help is on the way
Stay strong
I'm doing everything
Hold your own
Know your name
And go your own way
Hold your own
Know your name
And go your own way
And everything
Everything will be fine
Everything
Are the details in the fabric
Are the things that make you panic
Are your thoughts results of static cling?
Are the things that make you blow
Hell, no reason, go on and scream
If you're shocked it's just the fault
Of faulty manufacturing.
Everything will be fine
Everything in no time at all
Everything
Hold your own
And know your name
Go your own way
Are the details in the fabric (Hold your own)
Are the things that make you panic (Know your name)
Are your thoughts results of static cling? (Go your own way)
Hold your own
Know your name
Go your own way.
Are the details in the fabric (Hold your own)
Are the things that make you panic (Know your name)
Is it Mother Nature's sewing machine? (Go your own way)
Are the things that make you blow (Hold your own)
Hell no reason go on and scream (Know your name)
If you’re shocked it's just the fault (Go your own way)
Of faulty manufacturing
Everything will be fine
Everything in no time at all
Hearts will hold
postado por ca
15 de mai. de 2009
complementando
o que disse a mila:
e aí entre o pedir pra controlar o passado e o futuro, e o aceitar que não pode fazê-lo, sempre vem um com um sonoro, "sábio" e chicoteante "EU TE AVISEI".
postado por ca
Você sabe que vai se arrepender. Mas faz mesmo assim. Você sabe que tem todo um abismo à frente, mas continua a andar como se essa fosse a única opção. Você insiste e fecha os olhos. Minutos depois você deseja ter o poder de desfazer as coisas. Você é uma chata e suas palavras soam patéticas. Você sabe disso. Não tem nem como fugir. Você fecha os olhos e pede para ter o poder de controlar o futuro. Mas você não tem esse poder. Nem o de controlar o passado. E talvez um dia você aceite isso.
postado por Mila
11 de mai. de 2009
se certas pessoas se aproveitam da minha boa vontade é porque 1. elas não prestam e 2. eu deixo. então eu só tenho um problema.
postado por ca
10 de mai. de 2009
devido à problemas de inspiração (de falta de).....................................................................
ceis entendero
postado por ca
28 de abr. de 2009
devia ter um centro de controle, tipo para animais selvagens e quando alguém me avistasse passeando pela rua era só alertar as autoridades daí elas viriam correndo pra me imobilizar e me enjaular porque a situação tá demais já. enfim.
postado por Mila
você sabe que devia ser ilegal e banida de conviver em sociedade quando só faz merda atrás de merda e nunca consegue aprender com isso.
postado por Mila
25 de abr. de 2009
♥
http://www.rockfoto.nu/artists/Lykke Li
porque está faltando um pouco de doçura nesse blog.
postado por ca
24 de abr. de 2009
NÃO PERTURBE
minhas horas, minutos, segundos e milésimos de sono são sagrados. só eu escolho quando posso negligenciá-las, e às vezes escolho errado, mas daí a culpa é minha e eu me viro com ela.
eu não gosto muito da minha correria, mas me orgulho dela pela causa intelectual. eu acordo às 5:30 da manhã para estudar, o que tem sido um prazer, ponto. o resto que faço é basicamente para isso, cada vez mais voltado a isso, daqui pra frente muito mais voltado para isso. o que não é da conta de ninguém, desde que não perturbe o meu sagrado sono.
se o meu sono é perturbado, o meu dia é prejudicado, e a minha noite, caso eu precise ou queira ficar acordada nela, também. eu só não ligo para isso quando eu decido que será assim. ou eu me arrependo, mas eu me peço desculpas, eu me desculpo, eu me resolvo.
no caso de uma emergência, veja bem,
uma emergência, eu não vou odiar quem vier me perturbar. eu vou levantar e fazer o que for preciso, afinal estamos falando de uma emergência.
agora, mano...
mais do que ter meu sono perturbado por nada, é tê-lo perturbado para ser humilhada. sim, porque constitui uma humilhação sem tamanho ser acordada por uma criatura bêbada e nada íntima que se sente no direito de exigir seu corpo sem levar em conta que você tem vida própria e o que quer fazer dela. na verdade, o sono é só uma desculpa: CONSTITUI UMA HUMILHAÇÃO SER COGITADA PARA TAL A QUALQUER HORA DO DIA, DORMINDO OU ACORDADA, SEM TER PARA ISSO SUA VONTADE CONSULTADA.
assim, o meu dormir é tão sagrado por ser igualmente tão sagrado o meu acordar e as minhas escolhas, cada dia e cada noite mais.
beijos, fui me benzer
postado por ca
22 de abr. de 2009
Believe me when I say
olha só, quando eu digo que os bregas é que sabem das coisas é pq eles realmente sabem, mas todo mundo diz que são bregas só pra não admitir que o amor realmente faz a gente enlouquecer, faz a gente dizer coisas pra depois se arrepender. a gente diz que é brega e muda de estação, mas é porque dói admitir que o coração chora - chora chora chora - a falta de você. aliás, dizer que dói é brega. esse post é brega. eu sou brega. ontem passei a noite escutando christina aguilera porque precisava de inspiração e palavras de incentivo na linha "i am beautiful no matter what they say" e "when they say you should change can you lift your head high and stay strong?". brega, mas os bregas é que sabem das coisas. daí hoje acordei cantarolando "don't be scared to fly alone, find a path that is your own... love will open every door, it's in your hands, the world is yours" e fui trabalhar.
postado por Mila
nostalgia
a perfumaria aqui da esquina de casa vale muito a pena visitar. ela é o tipo o museu do cosmético. são milhares de exemplares originais antiquíssimos de shampoos, cremes, esmaltes, etc. os esmaltes, tem aqueles do 'é o tchan', eles ficam logo na estante principal e estão mais duros que [insira aqui sua expressão favorita]. aí tem os shampoos johnson para adultos que não existem mais, e mais toda uma prateleira que além de conter produtos da idade da pedra, também não viu um espanador ou um paninho desde então. cabe lembrar que além da exposição, estes produtos também estão à venda.
dessa vez que eu fui deixar o alicate pra afiar, tava com pressa e meio sem graça de perguntar o preço de qualquer coisa. mas o alicate fica pronto depois de amanhã, aí eu pergunto e corro aqui pra contar.
postado por ca
those little words
palavras.
palavras são uma bosta. maior exemplo da expressão 'faca de dois gumes' não existe [no momento, eu sei].
com palavras uma pessoa pode fazer o teu dia ou basicamente te deixar na merda. talvez porque você é idiota e vê todo um significado por trás delas; talvez porque você ouve e sabe que não pode fazer nada a respeito; talvez porque coincide com uma sessão de terapia onde ficou estabelecido que sim, você têm limitaçãoes como qualquer outra pessoa, e, por mais que você viva se orgulhando de 'conhece-las', mais uma vez nessa vida foi provado que você está errado.
palavras aleatórias postas juntas numa frase podem ou não ser todo um prelúdio para alguma merda que está por vir.
postado por Mila
de x:
nós estamos tão desconectados que cada vez que nos encontramos sinto mais distância.
de y:
quando falei sobre x, entendeu tão ao contrário que percebi uma falta de sintonia com a qual eu jamais poderia ter me enganado.
de qualquer letra grega do alfabeto:
há tempos não vive mais neste mundo (neste meu).
de quadrado:
ah, quadrado, se você sempre ficar parado...
se vamos todos tão separados,
sobrarão muitos espaços...
postado por ca
não bebo mais à toa I
agora que eu resolvi só beber em eventos especiais, têm aparecido vários. QUE SACO, vou ter que ficar selecionando os especiais dentre os especiais.
postado por ca
tá tudo inviabilizado
a gente tá sempre querendo o que não tem - fato. quando a gente consegue, acha outra coisa pra encanar e embarca de cabeça naquela busca chata. essa coisa cíclica me irrita.
basicamente a vida duma pessoa é passada QUERENDO. querendo e se arrependendo, pq, claro, uma vez que a gente perde é suuuper fácil se culpar; olhar pra trás e ficar vivendo naquela nostalgia absurda que pode ou não ser uma fabricação da nossa imaginação [natureza, etc] pedinte.
ex: uma pessoa estuda a vida inteira pra entrar na faculdade. passa anos imaginando como aquilo vai ser foda. daí chega o infame dia -> ela entrou e começou a cursar.
logo começa a relembrar com saudade a época de colégio mal aproveitada por ter girado em torno de um objetivo super estimado; aí a pessoa ACEITA. aceita e começa a esperar o dia da formatura, o primeiro emprego, a primeira promoção, o primeiro casamento, filho, divórcio, assalto, enfarto[...] e, chegando perto do canto do cisne(?) aprende a dar valor para tudo o que tem.
claro que, pra chegar à essa conclusão, o sofrimento, a angústia e o tédio de uma vida se passaram como flashs, e, nada mais resta a não ser... poisé: ACEITAR.
essa característica sadomasoquista da personalidade humana me estressa.
será mesmo que a gente passa a vida esperando? tentando aprender com as famosas 'lições' e, basicamente desistindo aos poucos?
claro que essa visão escrotamente pessimista num é inteiramente verdade. tudo é balanceado. pra toda merda, uma coisa legal acontece mas, let's face it, podem acontecer 30 coisas legais e UMA merda realmente foda que o que vc vai encanar por dias, semanas, meses VAI ser com a merda.
toda a raiva se deve à um só fato: eu sou o tipo de pessoa que se convence das coisas, daí, sem nem perceber, age de maneira completamente contraditória e depois descobre que num sabe o que tá fazendo.
...
mas ok, alguém sabe? alguém algum dia descobre? ou será que toda essa idéia hollywoodiana de 'propósito' é mais uma concepção bosta que certas pessoas tem da vida?
eu sei que toda essa idéia utópica é errada, mas tá, o que é prefirível: viver com a certeza de que tudo é merda; ou viver na deliciosa ignorância de que haverão dias melhores e bla?
... ou ainda, ONDE FICA A MERDA DO MEIO-TERMO?
cadê ele, hein? cadê?
postado por Mila
21 de abr. de 2009
era só procurar
O horário do blog estava "do Pacífico". Bem que gostaríamos de estar no horário do Pacífico, bem no meio do Pacífico, postando fotos e contando maravilhas diretamente do nosso iate.
Já consertei o horário.
postado por ca
x,
Sobre o espetáculo eu prefiro me calar, pra não correr o risco de falar bosta. Se bem que, e daí né? Se não tenho compromisso com a coerência não preciso ter com a arte.
Eu achei bem mais ou menos. Esperava mais. O título é melhor que o espetáculo. Se você se interessou, vá ver, não espere que eu vá falar muito mais. Não confie no meu julgamento, veja com seus próprios olhos e pague com seus próprios $10. E depois nóis conversa. Não por aqui, porque aqui não interessa a opinião de ninguém que não seja a minha e a da mila, por enquanto que nós não convidamos mais ninguém pra tagarelar nesse blog.
E atenção: vai rolar um tipo de diário de bordo da minha parte, o
"não bebo mais à toa". Promete ser meio monótono porque quando a gente bebe a gente faz mais bosta e tem mais o que contar (e mais o que esconder, HEHE). Isso não quer dizer que eu vá parar de fazer bosta, porque isso a gente sempre faz, bêbado ou não. Quer dizer só o que quer dizer: que eu vou ficar aqui contando fatos e dando opiniões, e eventualmente apagando posts por arrependimento.
Boa leitura, ou não.
PS: O horário de postagem desse blog é muito errado.
postado por ca
20 de abr. de 2009
A lot goes on but nothing happens....
TAMOS AÍ, NESSA LABUTA DIÁRIA, SUPERANDO CILINDROS A CADA DIA QUE PASSA
postado por Mila
they are not superficial...
Ontem antes de colar no Sesc Paulista pra assistir ao espetáculo WE ARE NOT SUPERFICIAL, WE LOVE PENETRATION, eu desci até o bar pra encontrar os ultrassensíveis. Fazia tempo que eu não movia meu corpo para estar na companhia deles justamente porque o apelido 'ultrassensíveis' é extremamente irônico, e eu que sou a ultrassensível de verdade, PLUS alguns acontecimentos desagradáveis do passado que não cabem aqui. Como eu estava chapada de lexotan e sem nada o que fazer até a hora de começar, imaginei que haveria menos desconforto. E de fato, foi o que aconteceu. Cheguei e sentei numa postura foda-se e tentei me comunicar com estes que já estavam bêbados falando as mesmas merdas de sempre e rindo das mesmas babaquices de sempre.
Ah. Eu sabia que eles estavam lá não era por simples telepatia, que isso não funciona comigo, apesar da minha característica ultrassensível (ela tem a ver com outras coisas). Eu havia recebido uma mensagem de um deles. O que me ama - digamos que isso seja posível para um deles - pra ser mais ou menos clara, mas depois eu explico porquê, ou não.
Tão logo me oferecessem um copo de cerveja, e um de vodka, e somente depois uma mordida de um hambúrguer, neguei, explicando que "eu não bebo mais à toa". Ninguém acreditou, como eu imaginava, mas eu no lugar deles também só acreditaria vendo, e não vendo apenas uma vez, teria que ver várias vezes pra de fato acreditar. Enfim. A conversa se estendeu até a parte do "o que você está fazendo aqui?".
"Bom, primeiro eu estou aqui porque eu recebi uma mensagem de um de vocês me chamando para estar aqui. Depois, eu estava nas redondezas porque vim comprar um ingresso de um espetáculo de teatro de dança que começa daqui a pouco e se chama WE ARE NOT SUPERFICIAL, WE LOVE PENETRATION."
Silêncio. O nome realmente causa um impacto, até nas criaturas mais insensíveis, desde que entendam inglês. "Ó, legal. E do que se trata?"
"Quando eu já tiver assistido eu conto, porque eu ainda não sei." Eu confesso que estava indo assistir porque o nome me causou impacto, o resto eu nem tinha lido direito na sinopse.
Aí eles começaram a discorrer sobre "como seria irado assistir a um espetáculo de dança bêbados". E que a última peça que eles tinham visto foi no colégio. Nenhuma surpresa até aí. Quando o assunto acabou eles voltaram a falar das gêmeas gostosas que tinham uma tia gostosa e que todas as mulheres daquela família eram comíveis, e por aí vai... Dichavando (como se escreve isso minha gente?) a mulher como se não tivessem mãe. Como sempre foi. Como eu sempre aturei, e depois não aturei mais, e de repente me vi ali aturando novamente, e então eu finalmente me retirei.
Fui embora pensando na criação daquelas criaturas, na felicidade que ali havia, construída às custas das pequenas e grandes desgraças dos outros... O indivíduo sentado ao meu lado escondido atrás de seu ray-ban desses que todo mundo tem agora e que eu vi várias réplicas no camelô outro dia por $65, bebia caipirinha e ria loucamente dos gays, dos diferentes, da virada cultural, da programação, do fato de ter ido ao teatro pela última vez havia mais ou menos 10 anos... De que depois que bebesse bastante iria a um show de hardcore e depois sairia em busca de uma xoxota e no dia seguinte não iria trabalhar e então ia fazer tudo denovo... Representando assim todos os outros que tinham a mesma conduta e mais ou menos a mesma pretensão... Eu não quis ter dó, eu não quis ter raiva, e mesmo chapada de lexotan eu tive.
continua... ou não.
postado por ca