INFORMAL E SEM CRITÉRIO
exercício de expressão com pouco ou nenhum compromisso no que diz respeito à lógica e à coerência.
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20 de abr. de 2009
they are not superficial...
Ontem antes de colar no Sesc Paulista pra assistir ao espetáculo WE ARE NOT SUPERFICIAL, WE LOVE PENETRATION, eu desci até o bar pra encontrar os ultrassensíveis. Fazia tempo que eu não movia meu corpo para estar na companhia deles justamente porque o apelido 'ultrassensíveis' é extremamente irônico, e eu que sou a ultrassensível de verdade, PLUS alguns acontecimentos desagradáveis do passado que não cabem aqui. Como eu estava chapada de lexotan e sem nada o que fazer até a hora de começar, imaginei que haveria menos desconforto. E de fato, foi o que aconteceu. Cheguei e sentei numa postura foda-se e tentei me comunicar com estes que já estavam bêbados falando as mesmas merdas de sempre e rindo das mesmas babaquices de sempre.
Ah. Eu sabia que eles estavam lá não era por simples telepatia, que isso não funciona comigo, apesar da minha característica ultrassensível (ela tem a ver com outras coisas). Eu havia recebido uma mensagem de um deles. O que me ama - digamos que isso seja posível para um deles - pra ser mais ou menos clara, mas depois eu explico porquê, ou não.
Tão logo me oferecessem um copo de cerveja, e um de vodka, e somente depois uma mordida de um hambúrguer, neguei, explicando que "eu não bebo mais à toa". Ninguém acreditou, como eu imaginava, mas eu no lugar deles também só acreditaria vendo, e não vendo apenas uma vez, teria que ver várias vezes pra de fato acreditar. Enfim. A conversa se estendeu até a parte do "o que você está fazendo aqui?".
"Bom, primeiro eu estou aqui porque eu recebi uma mensagem de um de vocês me chamando para estar aqui. Depois, eu estava nas redondezas porque vim comprar um ingresso de um espetáculo de teatro de dança que começa daqui a pouco e se chama WE ARE NOT SUPERFICIAL, WE LOVE PENETRATION."
Silêncio. O nome realmente causa um impacto, até nas criaturas mais insensíveis, desde que entendam inglês. "Ó, legal. E do que se trata?"
"Quando eu já tiver assistido eu conto, porque eu ainda não sei." Eu confesso que estava indo assistir porque o nome me causou impacto, o resto eu nem tinha lido direito na sinopse.
Aí eles começaram a discorrer sobre "como seria irado assistir a um espetáculo de dança bêbados". E que a última peça que eles tinham visto foi no colégio. Nenhuma surpresa até aí. Quando o assunto acabou eles voltaram a falar das gêmeas gostosas que tinham uma tia gostosa e que todas as mulheres daquela família eram comíveis, e por aí vai... Dichavando (como se escreve isso minha gente?) a mulher como se não tivessem mãe. Como sempre foi. Como eu sempre aturei, e depois não aturei mais, e de repente me vi ali aturando novamente, e então eu finalmente me retirei.
Fui embora pensando na criação daquelas criaturas, na felicidade que ali havia, construída às custas das pequenas e grandes desgraças dos outros... O indivíduo sentado ao meu lado escondido atrás de seu ray-ban desses que todo mundo tem agora e que eu vi várias réplicas no camelô outro dia por $65, bebia caipirinha e ria loucamente dos gays, dos diferentes, da virada cultural, da programação, do fato de ter ido ao teatro pela última vez havia mais ou menos 10 anos... De que depois que bebesse bastante iria a um show de hardcore e depois sairia em busca de uma xoxota e no dia seguinte não iria trabalhar e então ia fazer tudo denovo... Representando assim todos os outros que tinham a mesma conduta e mais ou menos a mesma pretensão... Eu não quis ter dó, eu não quis ter raiva, e mesmo chapada de lexotan eu tive.
continua... ou não.
postado por ca