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INFORMAL E SEM CRITÉRIO
exercício de expressão com pouco ou nenhum compromisso no que diz respeito à lógica e à coerência.
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24 de out. de 2011
ele queria que eu lhe removesse a dor, ou ao menos amenizasse. ele queria que eu lhe desse alguma esperança, ou que lhe tirasse as falsas esperanças que tivesse. eu, que sempre doí imensamente, eu que sempre confundi as esperanças.
ele estava cansado dos conselhos dos mais velhos, ele disse que eu estudei, ele queria que eu lhe operasse o coração ferido com teoria. eu, que na prática sempre fui adepta dos chiliques intensos.
eu lhe disse um monte de abobrinhas, na tentativa de ser o mais coerente possível em dizê-lo que a única certeza que tinha era a de que, sim, ele sofreria bastante.
deve ter ido procurar um profissional, porque nunca mais me procurou.
o certo seria ter-lhe dado um grande abraço, e dizer "você é o humano do seu tempo" e deixá-lo humano derramar lágrimas do seu tempo, mas estávamos ao telefone, e ele só parecia querer entender. eu jamais saberia explicar.
este intervalo emerge do meio do caos da alma que faz o corpo tremer em ansiedade. minha construção burguesa, meus valores burgueses, quão fortemente se arraigaram em mim, e nele, burguês de origem e consciência, que abismos somos nós.
meio-dia e doze, eu quero gritar ao mundo minhas dores, mas dentro em breve terei que engolir minha tortura para dizer boa tarde aos chefes e aos clientes.
postado por ca
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